fevereiro 28, 2009

Jardim

“Um jardim que só pode ser alcançado ao passar-se através de uma série de jardins exteriores, conserva o seu segredo. Um templo a que só se acede após atravessar uma sequência de pátios adjacentes, torna-se uma coisa especial no coração de um homem. A magnificência do pico de uma montanha é aumentada pela dificuldade em atingir os vales mais altos onde ele pode passar a ser visto; a beleza de uma mulher é intensificada pela lentidão com que se revela; a grande beleza da margem de um rio – os seus juncos, as ratazanas de água, os peixes, as flores selvagens – é violada por uma abordagem demasiado directa; mesmo a ecologia não resiste a uma abordagem demasiado directa – a coisa será simplesmente devorada.
Devemos, por conseguinte, construir em torno de um local sagrado uma série de espaços que gradualmente intensifiquem o local e convirjam na sua direcção. O próprio local torna-se uma espécie de santuário interior, no âmago. E se o local for muito vasto – uma montanha – pode adoptar-se a mesma abordagem com lugares especiais de onde ele pode ser visto – um santuário interior, a que se acede ao fim de muitos níveis, que não é uma montanha mas um jardim, digamos, a partir do qual a montanha pode ser avistada com uma beleza especial. “

Christopher Alexander, Uma linguagem Padrão

fevereiro 23, 2009


Devido a compromissos profissionais o meu tempo tem sido escasso para tratar do Jardim. Hoje ao ler o post no Grimoire do Mago acerca das mudanças, lembrei-me de mais um desabafo que escrevi num dia em que o peso do mundo se fez sentir mais que nos outros dias.
E hoje partilho-o aqui.
Que plantem bem e colham em abundância..
IdoMind

Quem somos

Quem me conhece sabe que o regresso ao meu planeta de origem é uma questão de tempo.
Como tenho o hábito de dizer: “ Bem olho para o céu, mas a nave, ou se perdeu ou ficou sem combustível… Cada vez me sinto mais e mais alienígena.

Apesar da facilidade em conviver com os demais e da minha paixão curiosa pela natureza humana, não deixo de constatar com alguma tristeza que estamos a dar os primeiros passos na evolução enquanto seres inteligentes. E não, não estou só a falar de louras e dos homens...No geral ainda estamos na cauda do percurso evolutivo.

Consideramo-nos todos uns mestres e deleitamo-nos na nossa auto proclamada esperteza quando na realidade nem sequer saímos do infantário.
Hoje vi que assim é.Tantas fachadas, tantos faz-de-conta, tantas ausências de si próprio. As minhas palavras não encerram qualquer tipo de julgamento.Estou apenas a constatar.

Nada disto me preocuparia se visse as pessoas felizes a manter as fachadas, alegres com os seus faz-de -conta, realizadas com a falta de consciência de quem são e do que são. A realidade, porém, mostra-me apenas as almas dormentes. E isto custa-me. Doi-me saber que tudo podia ser tão diferente. Que na rua pararela à da vida de tanta gente estão as suas verdadeiras casas. Perdidos e desenquadrados, a única solução é mesmo fingir que ali é o seu lugar, que aquela pessoa é quem realmente querem, que aquele emprego é o melhor do mundo.
Só muros, só mentiras escudadas em posições de defesa, porque é preciso estar sempre à defesa.E vivemos tão longe da nossa essência que não vimos a nossa própria beleza, a nossa perfeição.Todas as nossas potencialidades.
Por isso, desafio todos, naquele momento em que nos deitamos na cama para dormir (esperançosos que a noite nos acorde e nos revele que afinal a nossa vida era só um sonho mau) a fazer um retrospectiva do dia.
O que fizeram, o que disseram, com quem estiveram, o que pensaram. Observem-se. Com paz. Com amor.Reconhecendo que estão a crescer e a aprender. E que tudo tem o seu tempo.
Percebam se estão a viver na vossa casa, na vossa rua, com a vossa “metade”, à vossa maneira.

E depois…depois é com cada um manter ou não a fachada e perpetuar a mentira.

A alternativa, que pode ser difícil, que pode causar uma ou outra lágrima, que nos pode levar a uma solidão temporária, é usar o grande poder que nos foi dado e MUDAR tudo aquilo que já não reflecte a visão mais grandiosa que temos de nós mesmos.
Coragem a todos.

I really do Mind
about easing the pain..

fevereiro 02, 2009

A Tempestade

Hoje sai do meu Jardim e fui visitar outro, um que me inspira a todo o tempo e a toda a hora. Fui até Sintra em busca de alguma confirmação e fazer as oferendas à Mãe, sem nunca mais me lembrar das tempestades que se tinham abatido neste fim-de-semana.
Assim, não estava nada à espera do espectáculo a que tive direito. Se por um lado havia árvores caídas, já arrumadas a um canto à espera que a Câmara tenha tempo de fazer a limpeza a tudo, por outro lado só se via a Força da Mãe Natureza a manifestar-se. Em cada curva aparecia um riacho cheio de água, pronto para voltar a dar alimento à verdura do local. As fontes que ainda há pouco tempo apenas pingavam escassas gotas de água, estavam repletas e as gotas até fazia barulho quando caíam no cimento, tal era a abundância.
Enquanto caminhava absorta pela beleza da cena, não pude deixar de sentir como a mãe estava tão contente, a manifestar tanta vida, o barulho que o Monte da Lua hoje tinha raramente encontrei nas minhas visitas, como poderia ela estar assim se tinha perdido tanta coisa? Sentei e fechei os olhos e à minha frente surgiu uma imagem nítida como um girassol, ramos a partirem-se para outros terem espaço para crescer, árvores a tombarem e rebentos já a nascerem aos seus pés, a força da água a alimentar toda a Vida que ainda está escondida por baixo da Terra, à espera do Sol para se atreverem a enfrentar o Mundo.

Não são assim todas as tempestades que se abatem sobre o nosso Jardim? Não deveríamos tentar tirar os mesmos ensinamentos?
Acolhemo-las com coragem e tranquilidade ou lançamos as mãos ao céu em tom de desgraça, amaldiçoando quem quer que esteja lá em cima e nos tenha feito essa partida?
Tudo na vida se faz através de renovações e aquilo que não é renovado é pura e simplesmente eliminado. Nesta altura do ano em que o Sol renasce, aproveitemos a sua força para nos iluminar, para levar luz às sementes que andam a germinar há muito tempo, sintonizemo-nos com a Mãe Natureza e aprendamos aquilo que ela tem para nos ensinar. Aceitemos tudo o que nos surge sem resistência, de certo que haverá muito mais a fazer do que ficar agarrado a velhas formas de pensar e de viver.

Que assim seja sempre!

Prémio - Blog Simpático

O amigo Viajante ofereceu, há já algum tempo, este selo aqui ao Jovem Jardim. Sendo ele um Jovem Jardim, decidimos oferecer este selo aos Blogues Simpáticos que nos têm seguido enquanto nossos Regadores e a todos os que aqui vierem e se tornarem Regadores.

Assim para a Súrya e para a Medusa, levem este selo com muito carinho, veja-no como uma forma de agradecer os vossos raios e luz, as vossas gotas de água aqui neste espaço tão cheio de vontade de crescer. Muito obrigada!!!
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