novembro 15, 2011

Concentrado para mim, se faz favor

Fatigada desses amanhã-é-outro-dia, não-merecias-nada-que-isso-acontecesse ou aqueles deixa-lá-que-foi-melhor-assim, sempre à mão para nos salvar de uma intimidade que não pedimos. A cábula comum, de expressões-marcadores de linhas entre o espaço onde simplesmente queremos que nos deixem em paz e o espaço onde aparentemente essa paz tem de ser mantida.  Mais cedo ou mais tarde, temos de vir à rua e há sempre alguém por lá desejoso por falar. Por partilhar. Por nos convidar para qualquer coisa porque precisa de desabafar ou porque diz que tem saudades de estar connosco. É claro que não vamos negar o par de ouvidos. Nem responder que não sentimos o mesmo. Que por acaso até apreciaríamos, mais, estar sozinhos. Passear ao longo da Foz à hora de almoço, abandonados a pensamentos aleatórios, à fala do mar, a nós…
Não seria elegante afirmar “Fala menos e escuta-te mais. É o que estou a tentar fazer. Se me deixares…Não me leves a mal, mas há dois anos que tens o mesmo problema. Já paraste para perguntar se o problema não és tu?”


No gesto automático de sacar da cábula, acabamos por declamar “Tens de ter paciência. Continua a fazer um bom trabalho que alguém um dia vai reparar.” Ou, umas linhas mais abaixo “ Dá-lhe um tempo que vais ver é só uma fase, as mulheres são assim.” E o clássico, mas, nem por isso em desuso “Não ligues, isso passa.”
Ao longe, do mar uns vislumbres de azul e a hora de almoço já passou…

Não. Não é egoísta escolher ao que dar atenção. A quem. É lealdade.
Desleal é cabular…
Trezentos amigos e naquela noite ligaste ao teu irmão. Ao pai que sabes que, independentemente de todas e as mais dolorosas diferenças, vai a nado ter contigo à outra extremidade do planeta. Ligaste, ironicamente, a quem não ligas nenhuma. Naquela noite, foi um estranho que ficou contigo sentado na beira do passeio…
Não te faz pensar? A Lei é infalível na retribuição. Isso não te faz pensar? Isso não te faz parar?
De falar. De espalhar. De rir. Como um golfinho amestrado. Tão apropriadamente. E lá recolhes as tuas palmas. Pára de perguntar. Estás sempre a perguntar quando não queres ser questionado. Não há bichos-papão no silêncio, sabes…? Fica. Acalma esse impulso de te dispersares por aí. De enfraquecer a tua essência diluindo-a por copos alheios. Misturada com açúcar. Corantes e conservantes. Bebida às pressas, sem lhe tomarem o sabor. Deixada no fundo…
A qualidade é cara porque se escolhe a matéria-prima superior e depois trabalha-se com tempo, com dedicação, os detalhes que fazem o resultado ser diferente do vulgar. É o preço do excepcional. Do único…Do que dura.

Não sei se já te perdeste nas minhas divagações ou se estás encostado na cadeira do computador aos suspiros, mais ou menos abafados, porque te estás a ler nas minhas jardinagens. E agora a rir e a pensar que não te apetece nada ir buscar as calças à 5 á Sec. Sabes porque sei isto? Porque te seleccionei. És da melhor matéria-prima que existe. Autêntica. E dediquei-me. Trabalhei-nos. Dei-nos tempo.Por isso duramos.

Agradece-me não usar cábulas. Amar, por vezes, é não dizer nada. Ser amigo também é ir embora e fechar a porta do teu lugar sagrado onde todas as tuas respostas podem ser encontradas. Ter o egoísmo suficiente para pedir que nos deixem ir falar com o mar. Sozinhos..
Estamos aqui hoje porque Eu quero estar aqui hoje. Contigo. Eu e a minha lealdade.
No bom e no mau. É como tu, autêntica. E por isso única...
Pagas o preço? Tenho troco.
IdoMind
about shitty relationships

novembro 11, 2011

11-11-11: Porque não me lembro de outro título e porque hoje é 11-11-11


A roda girou. Completou uma volta perfeita. Tão redonda. Rodou por nós e connosco. Rodou-nos…Foi quando ficámos de cabeça para baixo. Lembram-se? Dos dias em que andámos ao contrário dos outros e foi difícil fazer e ter sentido. Arranjar um. Ou pelo menos um motivo, ainda que sem qualquer sentido. Às vezes o telhado inclina-se muito e é no beirado que suspendemos a nossa queda. Até ao limite da resistência que até julgávamos que não tínhamos. Pendurados e indecisos entre ascender, de novo, ou derrapar, finalmente.

Estive pendurada. Vim por aí abaixo e cai. Nem sempre de pé. Deixei-me ficar caída, a tentar agarrar o céu com as mãos cravadas na Terra. Procurando ouvir os ecos da linguagem desconhecida, subtil, a acontecer a todo o tempo que Eu não entendo o tempo todo porque ainda não sou só Alma. Ainda desejo. Desespero. Gosto e deixo de gostar. Ainda me faz diferença a indiferença. A dor… Importa-me o Mundo. As crianças que morrem. As lanças que se atiram de olhos vendados. Os peitos blindados. Importa-me quem não se importa. E abandona. Fere. Marca. Ainda me esqueço que o que está escrito deve acontecer. E que somos todos necessários. Até quem abandone, fira e marque.

Eu própria o fiz. É assim que a Roda se mexe. Muda-nos de sítio. De roupa. E depois dás-nos a Estação que precisamos para aprendermos acerca de julgamentos rápidos, de negligência e, por fim, sobre humildade, porque cada dia é todos os dias o primeiro dia.
Isto foi o que aprendi até aqui. Vim com uma caneta mágica para escrever uma história. A minha história. Reescreve-la. Fazer umas emendas. Dar-lhe um Fim. Ou uma continuação…

Posso, neste minuto, daqui a pouco, amanhã ou para o mês que vem, fazer um ponto final paragrafo e começar outro capítulo. Outro livro até. Nada me impede de nada. Excepto o medo.
Quando penso que já ouvi alguém confessar que não terminava com a sua própria vida porque temia depois não ter paz! Depois? Depois de quê? O depois só existe na medida deste Agora. Criado. Vivido. Sofrido, é verdade, algumas vezes. Mas apenas se quisermos. No Agora seguinte, meio Alquímico, podemos transmutar o sofrimento em sabedoria. A revolta em aceitação. As doenças em compreensão. Podemos confiar no Propósito em vez de pensar em morte. Ou noutras coisas que nos matam aos poucos…

A pergunta que se impõe é simples: quero, verdadeiramente, mudar?
E se, verdadeiramente, concluirmos que já chega, avisar a Vida que estamos prontos para outras brincadeiras. Como? 
Acordados, antes de mais. Evoluir faz-se de olhos abertos. É necessário olhar bem para dentro e para fora de nós para descobrir as deformidades mascaradas quase sempre de virtudes. Não é boa educação fazer o que os outros querem. Não é responsável viver infeliz porque há uma casa para pagar. Nem digno ficar para não fazer sofrer. 

Cada um só pode escrever com a sua própria caneta. Viver é um acto pessoal.
E quando decidirmos viver a NOSSA vida é aí que os nossos pensamentos, os nossos sentimentos e as nossas acções devem encontrar-se e partir na mesma direcção.
Este é o sinal de que estamos prontos. Para o que quer que seja. É nosso...
IdoMind
about  energies set in motion
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